Quero os dois

Eu queria ter o poder de voltar no tempo.
Só pra ter o gostinho da segurança em saber que coisas importantíssimas, extremamente desejadas, iriam acontecer.
Só pra ter o gostinho de mudar o caminho antes que algo saísse diferente do planejado.
Queria ter o poder de voltar no tempo só pra ficar curtindo aqueles segundos antes da (quase) certeza de que o Inter ia ser campeão da Libertadores pela primeira vez.
Só pra poder sentir aquela mistura de incerteza, de medo. Medo da gozação do rival, medo de ter que esperar uma próxima vez para que pudesse tantar outra vez.
Queria ter o poder de voltar no tempo e remarcar a opção de curso no vestibular. Letras. Direito. Psicologia, talvez; por que não? Só pra ter um gostinho de fazer uma consultoria linguística de uma campanha publicitária, entrar com uma ação junto ao Código de Nacional de Regulamentação Publicitária ou resolver os problemas de algum consumidor traumatizado por uma mensagem subliminar de algum anúncio no horário nobre.
Mas não dá. Não tem como voltar no tempo pra consertar algo errado, reviver um bom momento, viver a vida sob um outro ângulo. Sofrimento. Angústia. Na verdade, eu não queria voltar no tempo. Eu queria prever o futuro.
Quero prever a final da Libertadores de 2010. Quero prever os trabalhos que surgirão frutos da primeira opção marcada no vestibular.
Quero prever até onde o Inter chegará. Quero prever até onde eu chegarei.
Quero que o Inter saia de Porto Alegre e desbrave o mundo. Quero que eu saia de Porto Alegre e desbrave o mundo.
Quero voltar no tempo. Quero prever o futuro.
Quero os dois.